O ano de 2021 trouxe mudanças no comportamento do consumidor. Com a pandemia, marcas e consumidores tiveram que se adaptar. A saúde e a segurança ganharam relevância para os consumidores, o que possibilitou o surgimento de novos hábitos de consumo e novas expectativas sobre o posicionamento das marcas.
Segundo a Euromonitor International, resiliência e adaptabilidade se tornaram valores chave que irão ditar o consumo em 2021 e exigirão criatividade das empresas para continuar oferecendo soluções práticas, relevantes e seguras, nesse período de ansiedade e tensão.
Desta maneira, trouxemos as 10 tendências de consumo que serão fundamentais para o planejamento das empresas, segundo a Euromonitor:
- Reconstruir melhor
Se antes da pandemia a maior preocupação dos consumidores tinha relação com causas ambientais e com a redução do consumo de plástico, atualmente a preocupação se concentra em causas sociais. Os consumidores demonstram mais empatia a empresas com um posicionamento definido sobre o auxílio e o investimento em projetos sociais.
Isso não significa que a preocupação ambiental desapareceu, ações que buscam reduzir a produção de lixo e trazer soluções inovadoras para a proteção do meio-ambiente ainda são importantes para o consumidor. Entretanto espera-se que as empresas desenvolvam ações sociais que visam o bem-estar da sociedade para uma reconstrução melhor visando um futuro com menos desigualdade.
Por isso, é preciso investir em iniciativas relacionadas à responsabilidade e ao propósito da empresa perante a sociedade. Ações levando em consideração o tripé da sustentabilidade (pessoas, planeta e lucros) são as apostas de sucesso para essa nova fase do consumo.
- Desejo por conveniência
A pandemia restringiu a liberdade dos consumidores e os privou de comodidades nunca antes percebidas. As novas regras de distanciamento e proteção trouxeram um renovado desejo por conveniência, agilidade e praticidade.
Com a limitação física, diminuíram as compras por impulso e foi possível perceber que os consumidores ganharam novos hábitos de planejamento. As compras online aumentaram, mas existem diferenças entre a forma de comprar das gerações mais jovens, que preferem compras pelo e-commerce, e as gerações mais antigas, que buscam o atendimento pelo telefone.
Também surgiu o desejo de recuperar a experiência nas lojas físicas, mesmo com as restrições sanitárias impostas. As marcas buscaram trazer novas soluções como a do QR Code ou o contato com os atendentes no modelo de e-commerce, como tentativa de replicar o modelo de atendimento físico no meio digital.
- Oásis ao ar livre
Com as restrições sanitárias, especialmente em estabelecimentos fechados, os consumidores buscam recuperar um pouco da liberdade frequentando lugares que possibilitam interações ao ar livre. Deste modo, houve uma valorização do modo de vida campestre e muitos consumidores mostram-se insatisfeitos com a vida nas cidades.
Muitas marcas têm investido em eventos em espaços abertos. Os oásis ao ar livre são uma solução para trazer essas experiência de liberdade e até mesmo de interação, sem que sejam criadas grandes aglomerações.
Os consumidores acreditam que o modelo de home office pode se tornar permanente mesmo depois da pandemia, possibilitando uma volta às raízes com o auxílio da tecnologia, proporcionando o melhor de dois mundos.
Assim, a demanda por atividades a céu aberto tem aumentado recentemente. É o caso de esportes como o ciclismo, e atividades de lazer e entretenimento como acampamentos, cinemas drive-in, restaurantes e cafés ao ar livre. As atividades DIY também se popularizaram, atraindo novos consumidores durante a pandemia.
- Realidade Digital
Esse é o nome dado às estratégias das empresas para integrar experiências físicas e processos virtuais. Essa tendência é consequência direta dos novos hábitos criados com a pandemia. A necessidade de adaptação fez com que muitos passassem a trabalhar, estudar, interagir e se exercitar com ajuda do meio digital, criando uma conexão apesar da distância física.
Para garantir a segurança de seus consumidores, muitas empresas também têm adotado soluções digitais para evitar filas e aglomerações, como QR Codes, reservas virtuais, pagamento por autoatendimento e aulas e eventos por videoconferência, evitando contato físico. Por isso, as empresas que conseguem dominar melhor o ambiente virtual e promover atividades atrativas e seguras pelas plataformas, conseguem se destacar e garantir a fidelidade de seus consumidores.
- Otimizando o tempo
Os consumidores têm apresentado dificuldade em organizar seu tempo durante a pandemia. Por isso, fornecer serviços que auxiliem os consumidores a organizar suas agendas da maneira que consideram mais eficiente é uma oportunidade para as empresas. Estabelecimentos 24hs, serviços online que podem ser acessados a qualquer momento da forma que o consumidor desejar tem atraído maior interesse dos consumidores por possibilitar essa flexibilidade.
- Inquietos e rebeldes
A atualidade também é marcada pela desconfiança do governo. Devido ao preconceito e desinformação, enfrentamos uma crise de confiança e, como consequência, as pessoas passaram a colocar suas prioridades e desejos em primeiro lugar. Deste modo, cabe às empresas o combate à desinformação e dar voz aos consumidores.
A pandemia trouxe um período de instabilidade econômica para as famílias, governos e empresas. Entretanto, como foi possível perceber na China, com o fim do lockdown os consumidores buscam as marcas de luxo numa tendência chamada “consumo de vingança”. Essa oportunidade tem sido explorada pelas empresas ao oferecer opções de consumo de luxo mais acessíveis, como bebidas alcóolicas, alimentos processados e video games.
As empresas também têm atuado para combater a desinformação na internet e manter a sua confiabilidade e credibilidade aos consumidores, como foi o caso da campanha #StopHateForProfit.
- Obsessão por segurança
O medo do contágio aumentaram a busca por produtos de higiene e estimularam os consumidores a buscarem soluções que não envolvem contato pessoal. Como qualquer meio de contato pode ser visto como fonte de contágio, as pessoas têm estado mais alertas. Métodos de pagamento sem contato estão em alta, assim como há maior preocupação sobre a origem e entrega dos produtos.
A procura por máscaras e luvas descartáveis, sabonete líquido, e produtos para limpeza e higiene aumentaram. O mesmo com equipamentos para higienização e esterilização, como o ar-condicionado auto-esterilizante da Haier e aspiradores de pó, especialmente os a vapor.
A busca por segurança por parte dos consumidores pode ser uma nova oportunidade não apenas para as empresas do ramo, mas também pode ser usado como diferencial pelas marcas em geral.
- Abalados e reflexivos
A pandemia e as estratégias de lockdown tiveram repercussões na saúde psicológica dos consumidores. As empresas passaram a oferecer serviços e produtos que ajudam os consumidores a lidar com este contexto e conquistar autoconfiança.
Aumentaram os acessos virtuais a plataformas de autoconhecimento, assim como espera-se que o investimento em cursos virtuais, na compra e consumo de materiais para artesanato, artigos esportivos e instrumentos musicais tenha aumentado em 2020. A busca por objetos que remetem a conforto e familiaridade também impulsionaram a busca por produtos nostálgicos e que remetem à infância dos millennials.
- A ordem é pechinchar
Com os desafios econômicos e o aumento do desemprego os consumidores têm se mostrado mais cautelosos e econômicos e o consumo de bens supérfluos diminuiu.
O pessimismo é ainda maior entre os millennials e a geração Z, mas de modo geral é possível perceber o impacto nas compras de alto valor e em produtos que não são de primeira necessidade.
O consumo racional e as compras planejadas também se tornaram uma nova tendência de consumo em tempos de pandemia. Modelos de assinatura flexível, descontos e parcelamento são atrativos e muitas marcas premium têm lançado produtos mais acessíveis na intenção de seguir esta tendência.
- Novos espaços de trabalho
Apesar de vir sendo adotado na última década, principalmente em países desenvolvidos, o home office se tornou tendência mundial com a pandemia, o que fez com que diversas empresas repensassem a relação com seus empregados e a otimização do trabalho em casa.
É fato que o home office impactou o consumo de bens e serviços durante os intervalos das jornadas dos trabalhadores ou depois no happy hour, períodos marcados pelo consumo em restaurantes, bares e cafés.
Entretanto também possibilitou novas oportunidades de consumo de tecnologia para facilitar a rotina em casa, e exigiu um novo posicionamento de marcas de beleza e moda, uma vez que priorizou-se o conforto. Também surgiu um novo segmento de eventos digitais que buscam reproduzir experiências de socialização entre colegas de trabalho.
As dez tendências apontadas evidenciam as mudanças que a pandemia trouxe para o comportamento do consumidor. Com o medo do contágio, a valorização da segurança e novos modos de vida que buscam o distanciamento social, as empresas precisam se adaptar novamente às necessidades e desejos dos consumidores. É necessária uma boa dose de criatividade e resiliência para que as empresas se adaptem e ofereçam soluções fáceis, seguras e financeiramente atrativas, enquanto buscam devolver o sentimento de normalidade e liberdade que se perdeu na pandemia, garantindo o cuidado pela saúde física e psicológica dos consumidores.